O Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) e a Fiat do Brasil estão desenvolvendo um motor para trator que será movido a óleo vegetal puro e terá dupla função: além de auxiliar na agricultura familiar, poderá ser acoplado a um gerador e levar energia elétrica a pequenas comunidades em regiões rurais aonde a rede de energia não chega. A expectativa é de que o motor chegue ao mercado até o fim do ano que vem.
Além do motor, o Inmetro está otimizando o equipamento elétrico de extração do óleo vegetal puro. O objetivo é que os agricultores possam fabricar em casa um óleo de boa qualidade. A máquina, que custa cerca de R$ 50 mil, tritura e extrai o líquido das sementes. O protótipo em teste tem capacidade para processar até 60 quilos de semente por hora, o equivalente a aproximadamente oito litros, e pode atender a uma pequena comunidade. O Inmetro estima que, com a fabricação caseira e sem os encargos, o litro do óleo custe em torno de R$ 0,70, 30% mais barato que o industrializado. A redução de emissão de gases poluentes pode chegar a 20% e, em relação ao dióxido de carbono, principal responsável pelo efeito estufa, a redução pode ser de 100%.
Os testes do motor e do equipamento de extração do óleo realizados pelos pesquisadores do Inmetro e da Fiat são feitos no Laboratório de Motores do Inmetro em Xerém, Duque de Caxias, Rio de Janeiro. O motor, originalmente a diesel, é adaptado para óleo vegetal puro de modo a fazer com que sejam mantidas as mesmas características de consumo, durabilidade e desempenho do combustível original.
“Este trabalho tem um cunho social muito grande, porque visa a oferecer maior conforto e maior desenvolvimento social a comunidades rurais isoladas. Sem falar nos benefícios ao meio ambiente, com a redução de emissões de gases do efeito estufa”, avalia o presidente do Inmetro, João Jornada.
“O uso do óleo vegetal no motor consegue reduzir em aproximadamente 20% as emissões de gases poluentes. Como estamos extraindo o óleo de fontes naturais, percebemos uma redução de 100% na emissão de gás carbônico, principal responsável pelo efeito estufa, em relação ao óleo diesel”, completa Romeu Daroda, coordenador do projeto no Inmetro.
Para produção do óleo, o Inmetro trabalha atualmente com soja e girassol, mas também analisa outras sementes nativas de diferentes regiões do País, como andiroba, óleo de palma e pinhão manso. Atualmente, estão sendo testadas sementes da região amazônica. “A intenção é fornecer ao agricultor todas as informações e condições necessárias para a produção caseira do óleo. E que ele possa utilizar sementes nativas de sua região”, explica o professor Romeu Daroda.“Queremos analisar diversos tipos de sementes passíveis de serem usadas como combustível desse motor, para que o agricultor tenha várias opções e possa escolher entre as sementes mais fáceis de serem encontradas em cada região do País. Mas ele também poderá usar o óleo que se compra em supermercado”, acrescenta Daroda.
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